A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Além dos sintomas cutâneos, a psoríase é frequentemente associada a várias comorbidades sistêmicas, em um fenômeno conhecido como “marcha psoriática”. Esse termo descreve a progressão da inflamação crônica da pele para uma série de distúrbios metabólicos e cardiovasculares.
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Este artigo explora como a inflamação crônica na psoríase pode levar a distúrbios do metabolismo da glicose, aterosclerose e doenças cardiovasculares, destacando os mecanismos subjacentes e as implicações clínicas.
Inflamação Crônica e Psoríase

A psoríase é caracterizada por uma resposta imune hiperativa, onde células T e outras células imunológicas liberam citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α, IL-17 e IL-23. Essas citocinas não apenas causam a proliferação excessiva de queratinócitos, levando às lesões cutâneas, mas também entram na circulação sistêmica, promovendo um estado inflamatório crônico em todo o corpo.
Este estado inflamatório sistêmico é um fator chave na “marcha psoriática”, contribuindo para várias complicações além da pele. Entenda mais sobre a psoríase aqui.
Psoríase e Diabetes
A inflamação crônica associada à psoríase pode levar a alterações no metabolismo da glicose, aumentando o risco de resistência à insulina e diabetes tipo 2.
Citocinas inflamatórias, como TNF-α e IL-6, interferem na sinalização da insulina, resultando em resistência à insulina. Isso ocorre porque essas citocinas ativam vias inflamatórias, como a via do NF-κB, que podem inibir a fosforilação dos receptores de insulina, um passo crucial para a ação da insulina nas células.

A resistência à insulina resulta em níveis elevados de glicose no sangue, pois as células se tornam menos eficientes em absorver a glicose da corrente sanguínea. Com o tempo, essa condição pode evoluir para diabetes tipo 2, uma doença crônica que está associada a uma série de complicações adicionais, incluindo doenças cardiovasculares.
Psoríase e Aterosclerose
A inflamação crônica na psoríase também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da aterosclerose, uma condição em que placas de gordura se acumulam nas paredes das artérias, levando ao seu estreitamento e endurecimento.
Esse processo inflamatório é mediado por várias citocinas e quimiocinas que recrutam células imunológicas, como monócitos e macrófagos, para as paredes arteriais.

Os macrófagos ingerem lipoproteínas de baixa densidade (LDL) oxidadas, transformando-se em células espumosas que constituem as placas ateroscleróticas. Além disso, a inflamação crônica pode levar à disfunção endotelial, uma condição em que o revestimento interno das artérias (endotélio) não funciona corretamente, contribuindo para o desenvolvimento e a progressão da aterosclerose.
A disfunção endotelial é caracterizada por uma diminuição na produção de óxido nítrico, uma molécula que ajuda a manter a elasticidade e o tônus dos vasos sanguíneos.
Psoríase e Doenças Cardiovasculares
A combinação de resistência à insulina, níveis elevados de glicose no sangue e aterosclerose aumenta significativamente o risco de doenças cardiovasculares em pacientes com psoríase. Doenças cardiovasculares, como doença coronariana, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca, são as principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes com psoríase.

Estudos têm mostrado que pacientes com psoríase grave têm um risco aumentado de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e AVC.
A inflamação sistêmica crônica, disfunção endotelial e aterosclerose acelerada contribuem para esse risco aumentado. Além disso, outros fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão, dislipidemia e obesidade, são mais prevalentes em pacientes com psoríase, exacerbando ainda mais o risco de doenças cardiovasculares.
Inflamação crônica e Saúde Cardiovascular
Os mecanismos subjacentes à “marcha psoriática” envolvem uma complexa interação entre inflamação, metabolismo e saúde cardiovascular. Entenda mais sobre inflamação e psoríase aqui. As citocinas pró-inflamatórias liberadas na psoríase cutânea podem afetar vários tecidos e órgãos, promovendo a resistência à insulina e a disfunção endotelial.
A inflamação crônica ativa células imunológicas em diferentes locais, contribuindo para o desenvolvimento de placas ateroscleróticas e aumentando o risco de eventos cardiovasculares.

Além disso, a inflamação crônica pode alterar o perfil lipídico, aumentando os níveis de LDL e diminuindo os níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL), o que agrava ainda mais a aterosclerose.
A inflamação também pode levar à hipercoagulabilidade, aumentando o risco de formação de coágulos sanguíneos que podem causar infartos e AVCs.
A obesidade também tem um importante papel na piora da psoríase. Clique aqui para entender mais sobre esse tema.
Consequências da Inflamação crônica
Reconhecer a “marcha psoriática” tem importantes implicações clínicas. Primeiramente, os médicos devem estar atentos ao aumento do risco de doenças metabólicas e cardiovasculares em pacientes com psoríase e devem monitorar regularmente esses pacientes para sinais de resistência à insulina, dislipidemia e aterosclerose.
A psoríase é muito mais do que uma doença de pele. Os sintomas cutâneos são a ponta do iceberg para uma série de problemas cardiovasculares. Clique aqui para saber mais.

Intervenções precoces, como mudanças no estilo de vida (dieta saudável, exercício regular) e tratamentos farmacológicos (medicamentos anti-inflamatórios, agentes hipoglicemiantes, estatinas) podem ser eficazes para reduzir o risco de complicações metabólicas e cardiovasculares. Veja aqui como a dieta pode melhorar a psoríase.
Tratamentos direcionados para a psoríase, como terapias biológicas que bloqueiam citocinas específicas (TNF-α, IL-17, IL-23), podem não apenas melhorar os sintomas cutâneos, mas também reduzir a inflamação sistêmica e, consequentemente, o risco de comorbidades. Não sabe o que são terapias biológicas? Clique aqui.

Conclusão
A psoríase é mais do que uma doença de pele. É uma condição inflamatória crônica que pode levar a uma série de distúrbios metabólicos e cardiovasculares, um fenômeno conhecido como “marcha psoriática”. A inflamação crônica desempenha um papel central na resistência à insulina, aterosclerose e desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pacientes com psoríase.
Reconhecer essa interconexão é crucial para o manejo abrangente da psoríase e suas comorbidades, permitindo intervenções precoces e personalizadas que podem melhorar significativamente a qualidade de vida e reduzir a mortalidade desses pacientes.