A psoríase é uma doença crônica e autoimune que afeta a pele, causando inflamação e formação de placas escamosas. Estima-se que 5 milhões de brasileiros convivam com essa condição.
Embora sua causa exata não seja totalmente compreendida, sabemos que uma combinação de fatores genéticos e ambientais atuam como gatilhos da psoríase, podendo desencadear ou agravar os sintomas.
Neste artigo, exploraremos os principais gatilhos da psoríase, dividindo-os em fatores extrínsecos e intrínsecos.

Gatilhos Extrínsecos da Psoríase
Psoríase e infecções bacterianas, virais e fúngicas
Infecções bacterianas, como as causadas pelo Streptococcus, como celulite, erisipela, impetigo e infecções de garganta, podem desencadear a psoríase em placas e guttata, um tipo caracterizado por pequenas manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Staphylococcus aureus colonizam a pele de 60% dos pacientes com psoríase e estão associados a liberação de substâncias que causam inflamação e pioram a doença de pele.
Algumas bactérias comensais da boca também podem estar relacionadas à psoríase, como Porphyromonas gingivalis, Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Mycoplasma faucium. A periodontite, que é uma inflamação na gengiva, por sua vez, pode ser gatilho para exacerbação da psoríase.
Infecções virais, como o HIV e coronavírus, podem ser gatilhos ao piorar a psoríase ou provocar um surto em pessoas predispostas. Infecções fúngicas, embora menos comuns, também podem agravar os sintomas da psoríase. Candida albicans, por exemplo, está frequentemente presente na psoríase intertriginosa. Candida albicans e Malassezia podem ser gatilhos e exacerbar a psoríase em couro cabeludo.
Psoríase e traumas na pele

Coçaduras na pele podem ativar o fenômeno de Koebner e ser gatilho para novas lesões de psoríase
O fenômeno de Koebner, ou resposta isomórfica, é uma característica da psoríase em que lesões na pele, como cortes, arranhões, queimaduras solares ou até tatuagens, podem atuar como gatilhos e levar ao aparecimento de novas lesões de psoríase.
Traumas na pele podem desencadear um surto de psoríase em áreas previamente não afetadas. Esse é um dos motivos pelos quais quem tem psoríase deve ter cuidado ao fazer tatuagens. Para saber mais sobre tatuagem na psoríase, clique aqui.
Psoríase e medicamentos
Vários medicamentos podem ser gatilhos e desencadear ou agravar a psoríase. Betabloqueadores, usados para tratar hipertensão, lítio, usado no tratamento de transtornos bipolares, medicamentos antimaláricos e anti inflamatórios são exemplos conhecidos.
O aparecimento de psoríase é o principal efeito adverso cutâneo colateral dos indivíduos que fazem uso de lítio para o tratamento de transtorno bipolar. Também é importante notar que a suspensão abrupta de corticosteroides orais ou tópicos pode levar a um surto severo de psoríase.
Psoríase e estilo de vida

O estilo de vida desempenha um papel significativo nos cuidados da psoríase. Fatores como dieta, consumo de álcool e tabagismo podem influenciar a gravidade dos sintomas. Dietas ricas em gorduras saturadas e açúcares refinados podem aumentar a inflamação, agravando a psoríase.
O consumo de álcool pode interferir no tratamento e aumentar a inflamação. O tabagismo está associado a uma maior severidade da psoríase e a uma menor resposta aos tratamentos.
O manejo adequado desses fatores reduz possíveis gatilhos que pioram a inflamação e, portanto, a psoríase.
Psoríase e clima e estações do ano
O clima tem um impacto significativo na psoríase, influenciando a gravidade dos sintomas. Climas frios e secos tendem a piorar a condição, pois o ar seco pode desidratar a pele, aumentando a descamação e a irritação, sendo gatilho para a piora das lesões de pele. A psoríase tende a ser mais comum e frequentemente mais grave em países de clima frio.
Por outro lado, a exposição moderada ao sol em climas mais quentes pode ser benéfica devido aos efeitos antiinflamatórios dos raios ultravioleta (UV), que ajudam a reduzir as lesões de psoríase.
No entanto, é importante evitar a exposição excessiva ao sol, pois queimaduras solares podem atuar como gatilhos de novos surtos de psoríase pelo fenômeno de Koebner. Portanto, pacientes com psoríase devem ajustar seus cuidados com a pele de acordo com as condições climáticas para melhor controle da doença.
Gatilhos Intrínsecos da Psoríase
Psoríase e disbiose na pele
A pele é o lar de uma vasta comunidade de microrganismos, conhecida como microbiota cutânea. A disbiose, que é o desequilíbrio dessa microbiota, pode influenciar a psoríase. Microrganismos como Staphylococcus aureus podem proliferar excessivamente em lesões psoriáticas, exacerbando a inflamação e os sintomas da doença.
Psoríase e disbiose intestinal
O intestino também possui uma microbiota complexa e essencial para a saúde imunológica. A disbiose intestinal, ou desequilíbrio na microbiota intestinal, está associada a várias doenças inflamatórias autoimunes, incluindo a psoríase.

Estudos mostram que pacientes com psoríase apresentam menor diversidade de bactérias no intestino. Um distúrbio da microbiota intestinal causaria aumento da permeabilidade da membrana do intestino, o que facilitaria a translocação de bactérias do lúmen intestinal para a corrente sanguínea. A consequência seria um aumento local e sistêmico dos níveis de inflamação do organismo, sendo um novo gatilho e agravando a psoríase.
Um intestino saudável, portanto, ajuda a regular o sistema imunológico e a inflamação. Veja aqui mais informações sobre disbiose intestinal e psoríase.
Psoríase e estresse
O estresse é um dos gatilhos mais bem documentados da psoríase. O estresse emocional ou físico pode desencadear surtos ou agravar os sintomas. Isso ocorre porque o estresse ativa a resposta inflamatória do corpo, o que pode levar ao aumento da produção de citocinas inflamatórias, moléculas que desempenham um papel central na psoríase.

Quando uma pessoa está sob estresse, o corpo libera cortisol, um hormônio que em níveis elevados e prolongados pode suprimir o sistema imunológico e aumentar a inflamação. Essa resposta ao estresse pode exacerbar os sintomas da psoríase, levando ao desenvolvimento de novas lesões e ao agravamento das existentes.
O ciclo de estresse e liberação de cortisol cria um ambiente propício para a inflamação crônica, que é a base da patogênese da psoríase. Portanto, técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, ioga e terapia cognitivo-comportamental, são importantes para ajudar a controlar esses gatilhos e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Psoríase e alterações hormonais
Alterações hormonais, especialmente em mulheres, podem influenciar a psoríase. Períodos de mudanças hormonais significativas, como puberdade, gravidez e menopausa, podem desencadear ou piorar os sintomas. Isso sugere que os hormônios sexuais podem influenciar a resposta imunológica na psoríase. Nesse artigo, você encontra todas as informações necessárias sobre psoríase, gravidez e lactação.
Conclusão
A psoríase é uma doença complexa inflamatória que pode ser desencadeada por uma variedade de fatores extrínsecos e intrínsecos. Compreender esses gatilhos é essencial para o manejo eficaz da doença.
Exames médicos regulares, tratamentos adequados e mudanças no estilo de vida eliminam os gatilhos e podem ajudar a controlar a psoríase e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Educar-se sobre a doença e trabalhar em estreita colaboração com profissionais de saúde são passos importantes para viver bem com a psoríase.